TABU E TOTEMISMO SIMBÓLICOS NA HODIERNA SITUAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA BRASILEIRA, JUNTOS A SIMBOLISMOS PSICANALÍTICOS E FILOSÓFICOS.

TABU E TOTEMISMO SIMBÓLICOS NA HODIERNA SITUAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA BRASILEIRA, JUNTOS A SIMBOLISMOS PSICANALÍTICOS E FILOSÓFICOS.

TABU E TOTEMISMO SIMBÓLICOS NA HODIERNA SITUAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA BRASILEIRA, JUNTOS A SIMBOLISMOS PSICANALÍTICOS E FILOSÓFICOS.

 

Criamos o primeiro político que se torna um totem capaz de gerar tabus por si. Este é o grande motivo da divisão das gentes em nosso país. O Brasil se tornou terra de gentes e não é mais uma brava gente brasileira. Temos no momento, bravas gentes umas com as outras. Divergem de cores e amores. Amores que nada são de fato, mas adoração a totens, criando tabus concorrentes entre as gentes.

 

Brasil em um estado de terceiro mundo. Lutas por “diretas já”! Desde lá ouvíamos dizer sobre direita e esquerda, mas não sabíamos, em nossa grande maioria de gente, até então, brasileira, do que se tratava. Pais e mães nos diziam: “comunista é gente que não gosta de Deus”! Outros diziam: “homens de uniforme são maus; assassinos!”.

 

Ditos, apenas pelos ditos conhecedores empíricos, mas que não se aglomeravam em dissabores. Não tinham como se comunicarem; não sabiam que havia muitos mais. Os que pensavam diferente, debatiam em rodas amigáveis de bares simples, regados por boa cerveja sem suco de milho e comendo tira-gostos sem anabolizantes e conservantes cancerígenos. Mas os debates, mesmo com menos alcance às informações que temos hoje, pelo menos em possibilidade de as termos de maneira adequada, eram mais amenos e, quando calorosos, se divergiam na forma de resolução. Mais política que políticos sendo debatidos.

 

Os totens eram ideias e não pessoas. Os tabus eram pessoas de uma nação brasileira não se ofenderem, não se matarem, lutarem por coisas em comum, mesmo que de formas diferentes. Como eram os divergentes? Estratégias e críticas sobre ações já acontecidas ou previstas a acontecer.

 

Quando falavam de pessoas do meio político, mesmo que como dito naqueles bons tempos: “endeusando”, não eram defendidas pelos seus erros, mas pelos seus acertos e, os acertos, não eliminavam os erros. Os tabus existentes eram ideias por convenção social e, por isso, ações de pessoas endeusadas eram passadas pelos crivos dos tabus. Nunca houve pessoas perfeitas na política, exatamente pelo fato de não haver pessoas perfeitas, mas não eram totens que podiam sair de sua condição de para o mal (“errado, inadequado…”) ou para o bem (“correto, adequado…”). ‘Os totens eram baseados nos tabus e, não ao contrário. As regras sociais eram o crivo da permissividade das ações dos políticos. Na atualidade, os tabus são baseados nos alvedrios dos totens’. Este é o ponto de regressão de nossa condição política, gerando caos social e conturbação mental em nossas novas gerações, que pensávamos, até pouco tempo, termos evoluído em relação às políticas de cabresto e totalitárias.

 

Quando os totens têm mais valor que os tabus, é um sério sinal de que as gentes estão divididas e sujeitas a serem dominadas e divididas, para que se digladiem entre si em nome de seus totens, amaldiçoando e combatendo os totens que contradizem os tabus que creem ser verdades universais.

 

Os totens são as representações dos tabus construídos por convenções sociais, baseadas em diversos elementos essenciais à existência de uma gente. Depois de um totem ser criado para representar tabus, pouco interfere nestes. O totem apenas garante que os tabus sejam mantidos e modificados de acordo com as necessidades, dentro de uma dinâmica temporal, atendendo aos anseios de uma gente.

 

O Brasil cria um grande confronto: o totem é criado para que este defina os tabus. Quando um totem define os tabus, o povo não convenciona, pois perde não somente a condição de autogestão, mas a vontade de se autogerir. Crê em uma divindade toda poderosa que resolverá tudo por si. Os tabus se tornam o que o totem ordena. O totem, então, ganha vida. Não é mais uma representação, mas um polo real de decisão por alvedrio. Delega os malefícios a quem deveria proteger e cria tabus, que deveriam ser seus criadores. É o momento que a coisa se torna criatura e logo se torna criador. O povo; a gente, se torna as tantas gentes e, concomitante a isso, se torna totem do totem, que agora é criador. As gentes não mais são uma brava gente brasileira, mas bravas gentes, umas com as outras, sem vontades e sem capacidade de serem os vetores de uma democracia representativa, pois os totens que creem são por demais perfeitos para serem cobrados, menos ainda, criticados, pois deuses sabem muito bem o que fazer para as suas criaturas. Todo mal e todo bem não passam de desígnios de uma inteligência suprema que decide por si o bem de todos e, que está além dos que tentam copiar e são antítese. A mesma coisa acontece nos lados opostos. Torna-se uma guerra entre deuses, mas que as gentes travam enquanto os deuses totêmicos se banqueteiam em níveis que as gentes jamais chegarão, por se sentirem indignas. Voltamos à mitologia? Não, pois os deuses da mitologia eram fictos seres poderosos para que os homens se valessem disso, por saberem que não conseguiriam escravizar as mentes das tantas gentes. Os deuses de hoje são verdadeiramente humanos e totens por si, criadores de tabus pessoais e destruidores dos tabus por convenção social.

 

Os totens políticos são mais que isso, pois vão muito além de representações. Produzem tabus e destroem outros criados por convenções sociais.

 

O Brasil se transformou em um território de clãs totêmicos, que criam tabus baseados na contraposição dos tabus que os totens adversários criam e recriam. Gente que não se aceita como tal, pois seguem totens diferentes e se tornam gentes em um pedaço de terra que chamam de nação. Nação que surge no carnaval e no futebol. Nada contra tais manifestações, desde que fossem comemorações para as gentes ou, melhor ainda, para a gente brasileira e, não oferendas dadas pelas gentes em forma de fuga da razão; da percepção da condição de “gado-de-oferenda”, para que os totens criem mais tabus para conseguirem mais delícias para se banquetearem, sem ao menos jogarem os restos aos mortos que andam.

 

Totens existem muitos. Tabus, também. Mas o totem que muda a situação de uma nação que estava sendo chamada de “Terceiro Mundo” se torna, no panteão dos deuses, o mais amado.

 

“Direitistas e esquerdistas”, ressalvando uma pequena chamada elite, pouco tinham a conseguir além daquilo considerado essencial à sobrevivência.

Criamos o primeiro político que se torna um totem capaz de gerar tabus por

Surge um totem vindo das gentes e faz com que as gentes se tornem voz. “Elite e proletariado” adquirem os mesmos bens e serviços, mesmo que em quantidades e qualidades distintas, mas com mesma eficácia aparente. Vitória das gentes, que ainda era brava gente brasileira.

 

Os que diziam que seria o fim, retomam a razão e concordam que era um início.

 

De tudo que passou, possibilidades foram dadas. No entanto, pelas mentalidades mal formadas, cursar não mais era busca pelo saber, mas por cártula, apenas para dizer ter.

 

O problema não foi de quem ofereceu, mas de quem recebeu. Muitos tiraram grandes proveitos. Já outros, apenas para dizerem que tinham cártula, por se firmarem no egoísmo, colaram e até compraram cártulas. Corrupção vem de quem mesmo?

 

As crianças sujas, sem discriminação de cor, com narizes escorrendo e latas sujas, pediam comida e pão velho nas portas das casas que pouco mais tinha de comer. O totem tira a fome de forma paliativa, que se torna sustento de muitos pilantras que se valem da desgraça alheia. A responsabilidade não é de quem passa fome ou de quem dá a oportunidade de comida na mesa, mas dos malditos que se sustentam do que seria alimento para quem realmente precisa.

 

O desempregado, chamado de vagabundo, consegue trabalhar e recebe incentivo para ser dono de seu próprio negócio.

 

Entramos em uma espécie de “Complexo de Édipo Social”. O chamado pai dos pobres se vai e dá lugar a sua possível sucessora. Acreditam que a sucessora se tornaria a mãe dos pobres, substituindo o pai, que necessariamente se vai, por deixar os filhos prontos a seguir no mundo. No entanto, os filhos se apaixonam pela mãe. Como toda paixão, ela embaça a razão, não deixando que os defeitos da mãe sejam percebidos.

 

A chamada mãe se perde na sua função. Os filhos, já assim se autointitulando, confiam na escolha que o pai fez. Há um inverso entre o largar os seios, provocado pela ceifa do pai, que ensina ao infans que ele é apartado da mãe. Fatualmente, o pai entrega os infans à mãe, que os oferece os seios, proporcionando sensações além da maternidade, na natural fase oral doltoiana. Tais sensações se transformam em fins de alcances políticos por quem se julga “SOL”, “Por Ter” poder sobre a mãe enviada pelo pai que se foi, mas que formou, brilhantemente, um forte imago nos infans, mas que não fizeram endotomia exatamente por terem voltado ao estado de unidade com a mãe e por ainda serem infans. Devido ao imago já existente, percebem na mãe a exata continuação do pai e, não dela mesma, descaracterizando-a como tal e dando ao pai a responsabilidade dos erros e acertos (principalmente dos erros).

 

Perdida com as funções de mãe das gentes, se torna mãe que castiga; que puxa as orelhas. Os filhos sofrem e chamam o “pai-totem” para o socorro.

 

O pai-totem coisa alguma pode fazer, pois não mais reside na casa simbólica e, por isso, comanda por conselhos. A mãe dos pobres, que se tornou mãe-totem, não por ter feito algo, mas por ter sido formada mãe-totem por um tabu criado pelo pai-totem, se vê acuada, por ser cobrada e idolatrada, sabendo não ter feito coisa alguma em prol da prole simbólica, senão tentar continuar o que o pai-totem criou. Ela deixa de ser mãe-totem e se torna pseudo totem do pai-totem, pelo imago que nela foi implantado pelos infans, quando o pai-totem os retroagiu ao estado de unidade com a mãe-totem, sem perceber que o seu imago paterno se faria tão presente. Uma endotomia em tão forte imago que se confunde com origens paternas e maternas, tal como em unidade com a mãe-totem e o pai-totem, que deveria ser o guia da individualidade, se torna confuso e extremamente difícil de ser retirado, pois a individualidade se torna compreendida como sendo parte de uma unidade com o pai-totem e a mãe-totem, formados por um imago que se tornou unificador dos infans com os seus totens e, concomitantemente, formador de um pseudo individualismo, que nada mais é que um conjunto de gado guiado por tabus criados pelos totens paterno e materno, que se fundem em uma ideologia não percebida pelos guiados por ela. Nasce um sujeito interno em forma de gado bem adestrado, por ser basicamente isento das dúvidas que somente um indivíduo interno poderia proporcionar. Ausenta-se o bom senso, que é a noção de causas e feitos, que tem provocação exatamente nos conflitos internos entre sujeito interno e indivíduo interno.

 

Consequentemente, muitos dos filhos passam a odiar o pai-totem simbolicamente, mesmo demonstrando amor, por verem a mãe perdida sem a ajuda dele, por ele, simbolicamente, tê-la abandonado. Muitos filhos continuam amando o pai-totem, mas desejam a sua distância para a mãe-totem ser única em suas ações. É a oportunidade da mãe ser tão poderosa quanto o pai. É a quebra de um tabu por convenção, com o fim do chamado patriarcado. No entanto, é um elemento surgido como mecanismo de defesa, na tentativa de quebrar antigas convenções paternalistas. O que a maioria deseja, é a volta do pai, para salvar os infans do estado de total dependência materna. Anseiam pelo pai que separa o infans da mãe, para que se tornem capazes por si.

 

Os filhos querem matar o pai-totem simbolicamente, mesmo o amando. Afirmam que a mãe-totem é a representação da força feminina, negando a potência do pai-totem, amado, mas afastado de ser responsabilizado por qualquer sucesso.

 

A mãe-totem cria novos tabus para demonstrar o seu poder de decisão, sem levar resolução à terrível situação que se anunciava.

 

Libera a libido dos filhos, não somente no seu sentido real de pulsão de vida, mas principalmente, naquilo que ela comumente mais se manifesta, para preservar a própria vida humana: o desejo direcionado à cópula.

 

Se há libido na sua mais latente manifestação, há aquietação e esquecimento do pai-totem, fazendo a mãe-totem se tornar a benevolente, por levar o que os Seres humanos tanto buscam: prazer. Entram os infans em um misto de complexo edipiano freudiano e unidade materna doltoiana, construídos por uma confusão do imago paterno, pela ausência de uma endotomia que, de fato, formaria os indivíduos internos nas pessoas, mas que acabaram por ter em si, apenas sujeitos internos, guiados por tabus criados diretamente por totens.

 

O que o pai-totem cria é usado para a mãe-totem transformar em estratégia de aquietação dos filhos. A mãe-totem não quer ser inferior ao pai-totem, que é um simbólico deus macho que preservaria a ideia do patriarcado. A mãe-totem tem de ser senhora de si e de seus atos para provar a sua potência, que sabe não existir, não por ser fêmea, mas sim, ‘por ser incapaz’, de fato.

 

A mãe-totem nega aos filhos que julgava bastardos o direito de verem o totem de sua liberdade, que os lembra de como se tornaram brava gente brasileira. Resta conflito e a negação da mãe-totem como tal. Os filhos em “Complexo de Édipo Social”, amando a mãe-totem por proporcionar-lhes prazer carnal, começam a digladiar com os bastardos que apenas queriam manter um tabu, que foi destruído pela mãe-totem, criando um novo tabu que nega a própria relação de liberdade da brava gente. Os bastardos se tornam mais odiados, pois aceitavam o pai-totem e agridem a mãe-totem. “Malditos covardes!” Dizem os infans. “Machistas!” Dizem os infans. Mas o problema da mãe-totem não é por ser fêmea, mas sim, pela sua incapacidade pessoal de assumir a função de mãe-totem, fazendo existir, em defesa de sua incompetência, uma defesa meramente sobre questões sexistas que, de fato, não eram elementos da questão. Estopim para o que já se anunciava.

 

A mãe-totem impede que os filhos recebam dos pais mortos os seus proventos, dificultando muito aos que poderiam ter tal direito, conseguido há muito. Nega-se o gozo a muitos e dá libido e gozo a outros. Filhos bastardos e filhos queridos. Uns querem proteger a mãe e, outros, querem matá-la, passando a haver uma espécie de “Complexo de Electra Social”.

 

Enquanto o pai-totem buscava tratar todos os filhos, mais e menos queridos de forma relativamente igualitária, a mãe-totem agiu pulsionalmente demonstrando as suas preferências, em relação aos filhos. Instaurou-se o conflito na casa simbólica, pela ausência do pai-totem.

 

A mãe-totem é expulsa de casa e deixa o homem que fazia às vezes da babá. Diz que vai cuidar dos filhos de maneira igualitária, como o antigo pai, mas verdadeiramente quer matar os que amavam a mãe-totem por medo da vingança dos filhos-amantes; daqueles que amavam a mãe em sentido freudiano, no que se refere ao desejo de afastamento e até mesmo um assassinato simbólico do pai. O babá; que acaba sendo a figura do pai, não quer ser alvo simbólico do parricídio que não lhe cabe, mas que a ele se anuncia. Logo percebe que os filhos bastardos não o queriam como substituto do pai-totem que haviam conseguido e que o pai substituto pensava ter afetos. O pai substituto castiga a todos! Filhos queridos e filhos bastardos. Em uma tentativa desesperada de coação a um parricídio que não se consumou, mas que se anunciava.

Criamos o primeiro político que se torna um totem capaz de gerar tabus por pensar bem viver bem

Clamam pelo pai-totem. Os filhos não cresceram. Não aprenderam a caminhar e se mantêm presos à religião de origem. Clamam pelo messias. Uns filhos por um messias e outros por outro, mesmo sem o ser teologicamente.

 

Degradação moral e ética pelos filhos-amantes cheirando a libido e gozo, em vulgaridade e em sentido analítico. Confundem o pai-totem com a mãe-totem e o defendem como se ele houvesse oferecido os prazeres. Querendo voltar à casa, o pai aceita que é o provedor dos prazeres e se torna não somente um totem, mas um salvador. Um salvador com vários braços capazes de resolver tudo. Os filhos, inocentes, creem nisto.

 

Surge outro totem para os outros filhos renegados pelo gozo, principalmente por negarem, por serem estes gozos, de fato, vis.

 

Messias intrépido que adora outro messias. Que salvador teria um totem? Que salvador seguiria tabus de totens de outras nações totêmicas? Resta-nos o chiste. Gargalhadas tratando o sinistro como algo engraçado; que dá embebedamento com sensação de prazer, de maneira extremamente fugaz, apenas como fuga da dor; do desespero; do desamparo, por saberem todos os filhos, bastardos ou não, com a exceção dos que perderam a sanidade, que todos estão perdidos. Riem uns das desgraças dos outros, como se a mesma desgraça não afetasse a todos. Maldito chiste, por minimizar a seriedade dos fatos e, bendito, por fazer escapar o excesso das potências que poderiam ser direcionadas de maneira muito mais agressivas do que aparentam.

 

O pai-totem, inesperada e inacreditavelmente para muitos e, óbvio demais para outros, é revelado como o representante de um patriarcado arcaico: dá muito aos filhos, mas quando crescem, percebem que o pai-totem era tão mau-caráter quanto qualquer outro larápio. As lembranças são perturbadoras, pois o pai-totem forneceu o que os filhos precisavam e os fizeram felizes em muitos momentos, mas em contrapartida, os violentou como um patriarca tradicionalista e maldito vilipendiador. Muitos negarão, mesmo que façam exame de consciência e percebam que muito do que eles têm de bens, vem daquela época do pai-totem, que agora é escancarado como um patriarca que violentava seus filhos mais jovens no saber. Os alimentava e os violentava, com falso amor. Sim, merece o dissabor que passa. Os traumas dos filhos renegados, violentados e que se julgam amados, são distintos, mas todos extremamente danosos em potência, para os próprios e para os seus compreendidos como rivais.

 

Em proveito do ódio, surgem diversos messias, não da paz, mas da guerra. Não o messias que provê sabedoria proveniente do Segundo Adão, mas o messias que provê a terra prometida; o reino na terra. Prometem através da guerra contra aqueles que julgam outras gentes, negando que sejam a mesma gente. Dicotomia, pois dizem crer no messias da sabedoria, mas seguem a ideologia dos tantos messias das mais sangrentas guerras antigas, que prometem se reconstituírem no hodierno com tal hipocrisia.

 

O fato, é que o caos que vem se instalado pode acabar necessitando de um messias da guerra, mas com ações de unificação e, não de continuação separatista. Um Segundo Adão com armadura, caso necessite dela. Não basta ser chamado de messias, mas o deve ser, sem necessitar ser chamado, já que os tabus pedem um totem. Equilíbrio entre a força necessária, diálogo e ponderação são essenciais. Que o totem compreenda que conflitos são inevitáveis e que não há forma de evitá-los na normal existência universal, mas sim, que há formas de amenizá-los em potência e, que essas formas, não são simplórias e exigem a construção de uma teia entre os elementos conflitantes existentes, buscando as origens das desarmonias da teia, para que se equilibrem e façam uma teia de gente e não de gentes, que ao invés de se arrebentar com as comuns ventanias existenciais, por estar mal construída, se firmem os fios que constroem a sua totalidade. Mesmo que alguns fios sejam arrebentados em ventanias existenciais comuns, possam ser recolocados por haver solidez nas bases da formação da teia, criando concatenação em seus fios, para quando houver um arrebentamento, os demais possam manter a teia até que os fios arrebentados sejam repostos. Quem seria esta aranha tecedeira? Deixa de haver um messias e o totem passa a ser tão simbólico que toma o nome de um pequeno animal? Seria isso um bom sinal de que estaríamos nos afastando dos totens humanos e criando meros totens simbólicos pelas nossas ações, retornando ao natural processo de tabu criar totens, por convenções? Seria impossível uma resposta sobre algo aparentemente tão utópico. Utópico, simplesmente, por não ter sido feito e, não por ser impossível.

 

O que impede esta aparente utopia são os tabus controlados pelos totens. Se houver convenção para a criação de reais tabus, os totens serão, de fato, apenas representativos e, não formuladores de tabus, como hodiernamente. Hodiernamente? A história humana nos demonstra que as massas sempre foram dominadas, mas no atual quadro, as massas se tornaram por demais heterogêneas dentro de um mesmo território e, este é o ponto diferenciador da dominação comum historicamente, pois nos demonstra o quanto fomos conduzidos a crermos que criávamos totens, mas que meramente éramos forjados a pensarmos que criávamos totens, enquanto os próprios totens nos faziam crer em tal coisa. Eis o momento de mudança, já que nos esclarecemos de tal engodo histórico. Não é uma visão socialista e tampouco comunista, mas neodemocrática e neoliberal, dando, verdadeiramente a todas as gentes separadas e em ódio, a possibilidade de ser uma gente homogênea, com a heterogeneidade comum pela individualidade de cada Ser humano, mas que podem, essas pessoas, coexistir por meio de regras que delimitem ações excessivas e, assim, mesmo que continuem existindo os naturais conflitos, passem a ter características mais controláveis.

 

De fato, a mãe-totem deixou o babá (pai substituto) em seu lugar, mas este, não conseguiu cativar. Babá não é de acariciar, mas de dar comida, fazer cobranças e castigar.

 

Filhos perdidos tentam encontrar um pai-totem. Muitos não percebem e muitos mais negam que a mãe-totem foi a responsável pela degradação dos filhos e culpam o pai-totem, por terem arraigado em seu inconsciente coletivo a responsabilidade patriarcal, quando a mãe nada decidia. Isso sim é uma escamoteada discriminação de feições machistas, pois nega à fêmea a capacidade de ser igual a qualquer Ser humano, no que se refere a errar. Negar igualdade de forma a esconder o caráter, pela mera condição sexual, é copiar aquilo que a tradição patriarcal fazia, quando os chamados cidadãos de bem eram vistos em público como exemplo de comportamento e caráter, enquanto humilhavam e espancavam suas mulheres e prole em secreto, em muitas famílias, que existiam no mais real sentido etimológico de família: famulus: servo, escravo… mas que cabe, em síntese, ao conjunto de objetos, animados e inanimados, pertencentes a um patriarca.

 

Torna-se revés. A defesa da mãe e o inocentamento do pai demonstra que há no inconsciente coletivo machismo em todos, até mesmo nas mulheres, sejam feministas ou “feminazistas”. Estas últimas, diferentes das heroínas feministas que lutaram para demonstrarem que a condição sexual não diminui a capacidade intelectual e qualquer outra, mas sim, que se vitimizam em uma condição de possibilidades igualitárias, para se colocarem em uma posição de soberania que construa um matriarcado tão cruel quanto o patriarcado vencido pelas feministas, verdadeiras heroínas.

 

O pai-totem é inocentado por ter alimentado, mas também por ter violentado os seus filhos. O pai-totem não deve ser acusado de não ter alimentado os filhos, mas deve ser responsabilizado por vilipendiá-los. A mãe-totem não é responsabilizada pelos erros e demonstra que não agiu por si, por ser incapaz, atribuindo todo crédito ao pai-totem, verdadeiro senhor simbólico da casa em um patriarcado. Feminismo que defende todo poder de ação ao pai e nega a força de revés da mãe pelo erro? Nem feminismo e nem “feminazismo”. Somente demonstra a perdição das ideias. Uma mãe-totem idolatrada como tal, mas que é entendida, mesmo que inconscientemente, como fantoche do pai-totem. O grande mentor. Será que é por ser macho e representante do patriarcado? Ou, por ser cavalheiro e se responsabilizar pelos erros da fêmea? Neste caso, seria cavalheirismo ou uma forma de demonstrar que é mais forte por assumir as consequências como macho e a fêmea não, por ser incapaz por ser fêmea? Então, quem será, de fato, o polo da discriminação? O macho cavalheiro ou a fêmea que não assume as responsabilidades dos erros, não por ser fêmea, mas por ser apenas responsável, por ser incompetente?

 

A solução é prometida por escolas regadas a ideologias perversas. As gentes se tornaram violentas e, por isso, não podem brincar com fogo, mesmo que este seja necessário à sobrevivência. Não têm mais, as gentes, pai e mãe para dar o mesmo a todos. Jogam-se as migalhas e os amados e bastardos que briguem por elas, como porcos selvagens.

 

As gentes vivem um luto que mal se inicia, permanecendo no desespero. Nem mesmo intentam uma negociação, demonstrando que a resolução se demonstra extremamente longínqua.

 

O ódio se forma nas gentes por um fanatismo de proporções religiosas e libidinais. De um lado, a defesa é pela fé e não mais pela razão e, do outro, a defesa é pela perdição total dos parâmetros sociais, dando lugar às perdições libidinais, principalmente em parâmetros sexuais. Idade Média com inquisições tecnológicas, sejam por parâmetros religiosos, antirreligiosos ou meramente satisfatórios de prazeres pela sublimação sexual. A distância reafirma a desumanização criada pelo totemismo e seguimento de tabus as avessas. As pessoas não sabem mais se confrontarem pessoalmente, por terem se acostumado com afrontas virtuais e, quando se encontram, os instintos de proteção agem mais que a razão, levando à violência física pela falta de habilidade em debater e contornar situações conflituosas presenciais. As pessoas se odeiam por crerem em deuses simbólicos (pais-totens) diferentes que prometem aquilo que a ganância imanente a todos nós nos engana afirmando ser algo essencial à nossa preservação. Cultuamos totens e seguimos os seus tabus sem sequer questioná-los, até mesmo por não percebermos as suas mais profundas maldades, por ainda sermos infans presos em seios assexuados, frutos de pais-totens e mães-totens unificados em uma única pessoa-totem. Muitos creem na razão, mas não em uma razão com base em um empirismo-lógico, mas sim, em uma razão agostiniana, bem característica da filosofia patrística. A diferença? A ideia de um Deus passa a ter nome de homens e esta ideia de Deus se torna materializada, simbolicamente, nas pessoas com o seu poder, sejam crentes ou não e, a argumentação “pseudo-lógica” nada mais é que sofismo para a defesa da fé dos que pregam em benefício dos totens. Fé nos totens que assumem pseudo poder divino dado pelas gentes, fazendo com que a fé cega seja instrumento de crentes e não-crentes. A fé deixa de ser religiosa e até em si, para ser totêmica.

 

Os Seres humanos deixam de se enxergarem como tais. A única justificativa é o seguimento de religiões totêmicas distintas, crendo, cada pessoa, que o seu deus é onipotente e verdadeiro. Partidos e orientações político-sociais se tornam religiões no sentido de culto, tendo seus deuses-totens.

 

De volta às cruzadas, apenas por negação. Que a nossa “Jerusalém” não se torne um eterno território de conflitos, transformando o inconsciente coletivo em facções rivais, sem nem mesmo perceberem os reais motivos que os farão se odiar, daqui algumas gerações. Afinal, é o que promete a adoração e a crença em deuses e em totens. A História nos demonstra isso. Cada grupo condena o outro e argumenta em seu favor, mesmo que os rivais façam o mesmo. A certeza de estarem certos não se baseia na razão, mas no totem. Totens não têm lados, não são bons e nem ruins, não são destros ou canhotos, mas sim, são totens. Totens humanos são tão humanos quanto qualquer outro Ser humano e, por isso, dotados de individualidade, que é o que transforma as pessoas em ruins em muitas ações. Totens são perdição e, não salvação.

 

Autor: Carlos Alexandre Costa Leite

 

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