Saudade

Saudade

Mario Sergio Cortella e um de seus excelentes textos sobre “Saudade”.

 

Costumamos dizer que “saudade” é uma palavra que só existe no idioma e até enchemos o peito de orgulho ao afirmar isso e que , em outros idiomas, ela se aproxima muita da ideia de lembrança. Há várias palavras que só existem mesmo no nosso idioma; são próprias do modo do português falado no Brasil ou que vieram para nós de outros lugares e que aqui se enraizaram. Mas não é o caso de saudade. Qualquer povo tem a noção de saudade. A saudade é uma lembrança que nos faz até sorrir ou dizer: “Às vezes, eu choro de saudade”.

Há uma diferença entre saudade e nostalgia. Nostalgia é uma lembrança que dói, enquanto saudade é uma lembrança que alegra. A saudade de um cheiro, a saudade de alguém, a saudade de uma música nos levam a uma grande lembrança que alegra. Já a palavra “nostalgia” é do século XIX, inventada por um médico alemão que queria dar nome a um fenômeno da medicina, em que pessoas que sofreram amputação de braço ou perna, diziam continuar sentindo dor ou coceira naquela parte do corpo que não estava mais lá. E o nome foi “nostalgia”. Nóstos, em grego arcaico, é a ideia de volta, e algós é dor. Nostalgia é a dor daquilo que não volta/ é a dor daquilo que não está mais.

E, nesse sentido, quando pensamos em saudade, é referente a algo que até nos alegra na memória, na lembrança. Já  a nostalgia é aquilo que dói. Muita gente consegue, na vida, passar da nostalgia para a saudade quando tem alguma perda – isso é um sinal de boa mente.

 

Mario Sergio Cortella

 

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Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.

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