Quem foi Baruch Espinoza ?

Quem foi Baruch Espinoza ?

“Não chore, não ria, mas compreenda”. 

“Maldito ele seja de dia e maldito seja de noite. Maldito seja quando se deita e maldito seja ele quando se levanta. Maldito seja quando sair, e maldito seja quando regressar”. Com essas palavras iradas e algumas outras a mais, o Sinagoga de Amsterdã anunciou para quem quisesse ler a condenação do “herege” Baruch Espinoza, em 27 de julho de 1656.

Espinoza nasceu na Holanda, filho de imigrantes judeus de origem hispano-portuguesa. Em sua filosofia, desenvolveu um racionalismo radical, caracterizado principalmente pela crítica às superstições religiosa, política e filosófica.

Ser expulso da religião não foi sequer o maior problema de Espinoza. Envergonhados com a situação, seus parentes o deserdaram e o impediram de tomar parte nos negócios da família. O filósofo havia questionado a forma como víamos Deus e subitamente se viu sem o amparo da comunidade judaica e de seu lar. Para se sustentar, teve de arranjar emprego como lustrador de lentes, um trabalho que garantiu a renda, mas acabou debilitando sua saúde.

Quem foi Baruch Espinoza ?

De acordo com o filósofo, a fonte de toda superstição é a imaginação. Incapaz de compreender a verdadeira ordem do universo, a imaginação credita a realidade a um Deus transcendente e voluntarioso, nas mais de quem os seres humanos não passam de joguetes. E a partir da superstição religiosa se desenvolveriam as superstições políticas e filosóficas.

Para combater essas superstições em sua origem, Espinoza escreveu o texto Ética, no qual busca provar, como em uma demonstração geométrica (isto é, com definições, axiomas e postulados, dos quais se segue uma série de teoremas), a natureza racional de Deus, que se manifesta em todas as coisas.

Segundo o filósofo, Deus não criou o mundo nem está fora do mundo: ele é o próprio universo. Por isso, dizia “Deus sive Natura” (Deus ou Natureza) e propunha a equação de Deus = Natureza. Trata-se, portanto, de um Deus imanente, que está inseparavelmente contido e implicado em toda a realidade.

É possível ver que, apesar de contrariar as conclusões da época, Espinoza tinha outra premissa semelhante à do francês Descartes: a concepção de que Deus é infinito. Isso significa que a infinitude é um atributo de Deus, uma qualidade que faz parte de sua essência, conforme sua definição de atributo. Se analisarmos o conceito de infinitude, veremos que se trata de um atributo muito especial, pois corresponde a um conceito matemático que exprime a ausência de quaisquer limites e que, por isso, não depende de alguma coisa para ser explicado.

Dessa forma, se a infinitude faz parte da essência de Deus, se Deus é infinito, ele não tem limitações; quer dizer, não há nada que ele não seja, se não ele seria finito. E aquilo que é infinito, justamente por não conhecer fronteiras ou limites, abrange a totalidade das coisas, que é única substância do mundo. Chegamos, assim, por dedução, à conclusão de que Deus é a única e verdadeira substância do mundo, que é a totalidade das coisas, as quais são, por sua vez, a própria natureza.

Quem foi Baruch Espinoza ?

De onde vinha tanta convicção ? Muitos tacharam Espinoza de ateu, e seus textos chegaram a entrar no famigerado Index, a lista de livros proibidos para católicos.

O filósofo não negava a existência de Deus, mas o enxergava como um figura muito mais impessoal. Portanto para o filósofo o supersticioso era alguém incapaz de compreender as leis do Universo – e que precisava criar explicações simples para aquilo que não conseguia entender. A ideia de um Deus raivoso, que precisava ser cultuado e agradado, não passaria de uma superstição. Espinoza defendia que essa imagem de Deus era conveniente para a Igreja, que podia prometer o perdão e, desta forma, ganhar poder. Ou seja, a superstição ajudaria a criar regimes autoritários baseados na religião. Esse pensamento virou uma bandeira cada vez mais forte nos séculos seguintes: a separação entre a Igreja e o Estado.

Espinoza morreria aos 44 anos, provavelmente de uma silicose causada pelo pó de vidro que respirou em duas décadas de serviço.

 

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