Quando é melhor desistir?

Quando é melhor desistir?

Desistir é uma palavra forte para muitas pessoas. E ligada à ideia de fracasso, de fraqueza, de incapacidade. Mas, em verdade, desistir (dependendo da situação) pode ser a melhor saída para viver melhor. Neste texto, pretendo falar sobre a possibilidade de desistir na área profissional e na área afetiva, em relacionamentos, especialmente os relacionamentos amorosos.

Há muitos anos que eu leio livros de motivação, autoajuda, psicologia comportamental, programação neurolinguística e existe uma formulação em todos eles que diz que o segredo do sucesso é a persistência. É verdade, porém, verdade igual é que desistir e partir para um outro cenário também pode ser fundamental.

Não sei se vocês se lembram, mas há alguns anos um livro que fez muito sucesso foi “Quem mexeu no meu queijo?” Em 2007, eu assisti um treinamento de uma amiga psicóloga em uma empresa que abordava o tema deste livro, que foi um best-seller por contar através de uma história, portanto, através de uma metáfora, o que pode ser aplicado em áreas diferentes. O resumo pode ser dito da seguinte forma: o ratinho quer o seu queijo. O queijo do lugar aonde ele vive está acabando. Um ratinho pode ir para outro lugar, buscar e encontrar mais queijo ou pode ficar no mesmo lugar se lamentando pelo queijo que está zerando.

É neste sentido que usarei aqui a ideia de desistir. Desistir não quer dizer parar, paralisar, perder. Mas também tem o sentido de desistir de uma forma de resolver o problema ou desistir de um ambiente que não é propício para conseguir o que você almeja.

Desistir de uma forma de se comportar

Como disse, podemos desistir sem necessariamente abandonar o objetivo último. Podemos desistir de uma forma equivocada de resolver o problema em questão. Utilizando a metáfora do “Quem mexeu no meu queijo”, o ratinho poderia continuar em seu objetivo (o queijo) mas desistir de seu comportamento preguiçoso e acomodado. Um outro exemplo, seria imaginar alguém que quer ganhar mais dinheiro e está acomodado em seu trabalho ou ambiente de trabalho.

Ao invés de desistir do objetivo (ganhar mais dinheiro), esta mesma pessoa pode reformular o modo como está se comportamento para atingi-lo. Com isto, mudando o comportamento, desistindo daquela forma de agir, pode-se encontrar centenas de outras maneiras de se realizar. Como diz o lema da Apple: Think Different. Pense diferente.

Como diz John D. Rockefeller: “Não tenha medo de desistir do bom para perseguir o ótimo”.



Desistir de um relacionamento

Há um tempo atrás eu escrevi um texto intitulado: “Porque os casais não se separam?”
É um texto simples, mas um dos que mais gosto. Afinal, recebo muitos emails perguntando sobre os motivos que levam tantas pessoas a continuarem em um relacionamento muitas vezes destrutivo ou insatisfatório. Você pode lê-lo no link acima, mas vou resumir o meu ponto de vista. Os casais não se separam porque em relacionamentos como este há uma mistura de prazer e dor, de realização e frustração. De modo que quando há dor ou frustração, brigas ou desentendimentos, pensa-se que já foi melhor, que pode melhorar, que vai voltar a ser como antes…

Se perguntarmos a qualquer pessoa, porque fica com alguém, namora ou casou, ouviremos que foi em busca da felicidade. Que a outra pessoa traz felicidade, através do amor e da paixão. Mas e quando o melhor é desistir?

Desistir de um relacionamento difícil pode ser o melhor caminho para a felicidade. Vencendo o medo da solidão, a ideia estranha do fracasso por não ter dado certo, de que deveria ser eterno ou durar a vida toda, pode ser infinitamente mais saudável do que continuar por longos períodos “em sofrimento inútil”.

Desistir de um sonho – Nunca?

Existe um paradoxo filosófico que diz “Tudo é relativo”. Se tudo é relativo, a verdade “Tudo é relativo” pode ser falsa. Com isso, nem tudo é relativo… Pensamentos gerais e absolutos, no final das contas, podem ser apenas se resumir a um pensamento cristalizado e uma forma equivocada de estruturar o caminho que temos pela frente. De forma que desistir de um sonho também pode ser uma boa opção. Pois um sonho não realizado é sofrimento certo e se investigarmos o que estava por trás do sonho, ainda assim, poderemos realizar, claro, com ressalvas.

Eu lembro que durante a faculdade de psicologia, nós lemos um texto de Orientação Profissional, que dizia de uma garota que queria ser médica. Por não ter uma faculdade de medicina próxima, ela modificou este sonho para o que estava mais próximo. Estudou para ser técnica de enfermagem. Se formos analisar o sonho (a medicina), veremos que o objetivo último da garota seria ajudar o próximo, na área da saúde. Evidentemente, também entram em cenas outras ideias como o status social e a remuneração.

Porém, o sonho real da garota era ajudar. E ajudar, cuidando da saúde das outras pessoas. Como técnica em enfermagem ela poderia atingir o seu objetivo último, sem atingir o objetivo mesmo (a medicina). Esta é uma ideia interessante de ressignificação. Entender melhor o que está por trás dos nossos sonhos nos auxilia a nos conduzir no que poderíamos dizer ser o conflito entre o sonhador e o pessimista.

Uma pessoa pessimista diria para esta garota que aquilo não seria possível. Que ela teria que se conformar com sua situação e desistir do seu sonho de ser médica. Um sonhador diria para ela nunca desistir do seu sonho e seguir em frente. O meio termo no caso, neste caso e neste momento, seria ela encontrar, portanto, um meio termo.

Com uma profissão – a enfermagem – que estava disponível e que lhe daria também um emprego ela poderia sim continuar sonhando e fazer a faculdade mais para frente. Ou não. Ela poderia continuar como técnica e ser feliz também, “desistindo do sonho de adolescência”.
E você, já desistiu alguma vez? Foi positivo ou negativo para você? O que você aprendeu? Adoraria ouvir sua opinião nos comentários abaixo.

 

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