O poder e a força do perdão em nossas vidas é necessário

O poder e a força do perdão em nossas vidas é necessário

Pare o que você está fazendo e reflita se você pensaria na hipótese de um perdão em uma situação como esta.

Imagina a situação que você tenha uma família feliz, tem um lindo filho que tem 8 anos de idade, agora imagine que ele foi sequestrado e morto com 2 tiros no rosto. O pior ainda está por vir, pois os assassinos/sequestradores trabalhavam para os pais da criança.

Você perdoaria? Você iria dar o perdão a 2 pessoas que tiraram a vida de uma criança de 8 anos? Pessoas as quais trabalhavam para você e tinha sua confiança.

 

Isso não é filme e muito menos uma história de novela, isso ocorreu com a família de Keiko Ota. Tudo ocorreu no dia 29 de agosto de 1997, o seu filho Ives Ota de apenas 8 anos, foi sequestrado por 3 pessoas em sua casa. No dia seguinte ele foi assassinado pois reconheceu um dos sequestradores. Os criminosos trabalhavam como seguranças nas lojas de seu pai, o empresário Masataka Ota, sendo que dos 3 bandidos, 2 deles eram policiais militares.

Após o assassinato

Os sequestradores foram condenados a 43 anos de prisão, mas como a lei é branda no Brasil eles só cumpriram 6 anos de pena.

Os pais de Ives Ota, perdoaram os assassinos e fundaram no mesmo ano o “Movimento da Paz e Justiça Ives Ota”, que é uma ONG cujo objetivo é lutar por uma sociedade mais pacifica, onde todos se conscientizem que só através do perdão a paz se instala em sua vida.

O casal passaram a oferecer apoio a famílias de violência, através de palestras e de luta por paz e direitos humanos.  Keito foi eleita deputada federal e defende penas mais rigorosas para criminosos. Ela também é autora da lei que criou o “Dia Nacional do Perdão” que é comemorado dia 30 de agosto, data ao qual seu filho faleceu.

Confira uma entrevista muito interessante que Keiko deu ao portal GCN no final do mês passado,( durante o mês de agosto ela divulga o movimento “Agosto Violeta” que segundo ela, a cor simboliza a transformação, ou seja, a transição de uma cultura de violência, que só gera medo e ansiedade, para uma cultura de paz)..

O poder do perdão em nossas vidas

Como foi transformar uma experiência trágica em um projeto de lei que deu origem ao Dia Nacional do Perdão?

Minha família sofreu um grande abalo em 1997, quando meu filho foi sequestrado e assassinado, com apenas oito aninhos de idade. Não existe uma dor maior para um pai, para uma família, perder um ente querido. Nós fomos lá no fundo do poço, mas, com uma intuição divina, conseguimos perdoar. Foi o maior investimento que fizemos em nossa vida. O perdão trouxe a paz pra dentro de mim, dentro da minha família. Fundamos o Instituto Ives Ota, começamos a atender familiares vítimas de violência, que queriam justiça e queriam entender essa dor, que é horrível.

Começamos a ver que o perdão era o único caminho para estabelecer a paz entre as pessoas. Hoje, como deputada federal, tive a felicidade de criar a lei que instituiu o Dia Nacional do Perdão, que é comemorado no dia 30 de agosto, dia em que meu filho morreu. Isto, não é mais da família Ota. É do Brasil todo. Por várias décadas, a cultura da violência e da intolerância está sendo intensificada em nosso País. Precisamos colocar um freio nisso e intensificar a cultura da paz.

O movimento Agosto Violeta, semeando perdão, colhendo a paz, tem o objetivo de promover a reflexão do perdão e os benefícios que receberemos. É uma excelente forma de prevenir a violência. No Estado de São Paulo, 83% dos crimes ocorrem por motivos fúteis, que podem ser evitados, pois são crimes de ódio.




Como foi para a senhora encontrar os assassinos do seu filho e perdoá-los?

Tenho um irmão religioso. Ele me falou: “ninguém cai aqui de pára-quedas, o Ives está purificado, perdoe os assassinos dele que você vai ver o milagre que acontecerá em seu vida”. Daí, ele me deu a receitinha da oração do perdão. Comecei a fazer o exercício da prática do perdão por meio da oração para limpar meu subconsciente, tirar o ressentimento de ódio e mágoas em relação a eles.

Eu estava atrás deste milagre. Quatro meses após a partida do Ives, eu, que não engravidava, que os médicos diziam que eu não teria mais filhos, fiquei grávida. Foi uma festa, foi a nossa redenção. O perdão despertou em nós a verdadeira felicidade, o amor pelas pessoas, elevou a nossa auto estima e nos libertou do sofrimento.

A senhora defende que a superação da dor e do sofrimento só é alcançada por meio do perdão. O que devemos fazer para conseguir perdoar?

Para perdoar, é preciso querer e não gostar de sofrer. É uma decisão. Eu não gosto de sofrer e preferi aprender e perdoar, pois o único caminho era o do perdão. Hoje, nas escolas, a gente fala com as crianças sobre a cultura de paz. O perdão não é uma característica dos fracos e, sim, dos fortes. Tive que tomar uma decisão de não gostar de sofrer. A alternativa foi perdoar. Muita gente gosta de sofrer e não pode.

Todos os tipos de violência devem ser perdoados?

Sim. Todos devem ser perdoados, mas isto não quer dizer que os autores tenham que ficar impunes. Eles têm que pagar por aquilo que fazem de mau. O perdão e a justiça podem andar juntos desde que você não faça de uma forma transtornada e rancorosa, porque isto caracteriza vingança. Mas, justiça, tem que ter. O indivíduo tem que entender que, para viver em sociedade, ele tem que cumprir leis. Caso contrário, não ficará em liberdade. Defendo leis duras, mas também trabalho a prevenção, porque vejo como as crianças sofrem violência dentro de casa.

A senhora é uma das relatoras do Código Penal na Câmara e defende penas mais duras para autores de crime contra a vida…

Tenho um projeto que já virou lei, que prioriza os julgamentos de casos de crimes hediondos. Matou, estuprou, tem que ser julgado, condenado e preso logo, pois a família não consegue retomar sua vida enquanto o caso do filho não é julgado e os autores condenados. Defendo a redução da maioridade penal e punições mais rigorosas. Em caso de crimes comuns, defendo a justiça restaurativa.

Nas suas palestras, a senhora sempre reforça a necessidade do perdão. Qual mensagem gostaria de deixar para as pessoas que estejam com raiva, ódio no coração ou brigadas com alguém?

O perdão salvou minha vida e foi o maior e melhor investimento que fiz. Sem dúvida alguma, é o melhor caminho. Se você quer ser feliz, tem que perdoar. Para que ficar carregando esse fardo pesado a vida toda?

Me lembro quando minha filha, que tinha 13 anos quando o Ives morreu, deu uma entrevista e foi perguntada como estava. Ela respondeu: “se meus pais estão bem, entenderam o perdão, entenderam a partida do filho, eu vou estar bem porque eles são o meu porto seguro”. O perdão também ajudou minha filha a caminhar. Espero que as pessoas se juntem a nós e fortaleçam essa corrente do bem, que é de extrema importância. A força do perdão é muito grande em nossas vidas. Não existe paz, fé, justiça, prosperidade, saúde e felicidade sem o perdão. O perdão é o único caminho para a realização da paz entre as pessoas.

A senhora é deputada e convive de perto com a roubalheira em Brasília. O político corrupto que desvia recursos públicos que deveriam atender às necessidades da população mais carente merece ser perdoado?

Acho que ele tem que ser perdoado, mas tem que pagar pelo o que fez e cumprir na cadeia os dias pelos quais foi condenado. Luto por justiça e pelo fim da impunidade. O político tem que dar exemplo para as crianças. Roubou, tem que pagar por este ato. O Brasil está sendo passado a limpo, não na lei dos homens, mas na lei da vida, que é a lei da causa e efeito, a lei do retorno. O político precisa entender que é preciso pensar no povo.

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