Marx e a Luta de Classes

Marx e a Luta de Classes

Karl Marx cresceu numa época em que a Revolução Industrial, em expansão promovia a riqueza de alguns (os donos das indústrias) e a miséria de muitos (os trabalhadores e seus familiares). Ao debruçar-se sobre a história para entender as desigualdades promovidas pelo nascente sistema capitalista, ele encontra sua origem no feudalismo. “A ordem econômica capitalista saiu das entranhas da ordem econômica feudal”, escreve em Acumulação Primitiva, capítulo de O Capital. E identifica nas instâncias política (responsável pelo uso da força) e ideológica (coerção operada pelo catolicismo, com suas noções de vontade e castigo divinos) os instrumentos para a manutenção da ordem feudal.

A passagem dessa fase feudal, que Marx denomina “período infantil” do capitalismo, para o modo de produção capitalista foi antecipada pelos interesses de um mercado mundial criado nos séculos XV-XVI: as descobertas de ouro e de prata nas Américas, o extermínio e a escravização das populações indígenas, a pilhagem das Índias Orientais e a transformação da África num vasto campo de caçada comercial de negros.

Pela força, a manufatura substituiu a produção artesanal de objetos, tirando do artesão o controle sobre o próprio trabalho e deslocando esse controle para as mãos dos donos das fábricas. Pela força, a introdução das máquinas no ambiente fabril, que caracterizou a Revolução Industrial, produziu um enorme contingente de desempregados – para o capitalismo era mais um instrumento de pressão sobre o trabalhador, obrigando-o a aceitar as condições impostas para não ser substituído pela farta mão-de-obra potencial. Pela força, enfim, o modo de produção capitalista se impôs.

ALIENAÇÃO E MAIS-VALIA

Marx e a Luta de Classes (2)

A imposição do modo de produção capitalista promoveu aquilo que, num texto de juventude, Karl Marx denominou a alienação do trabalho: o produto fabricado pelo trabalhador, por não lhe pertencer, parece-lhe algo estranho, “um poder independente dele e que o domina”.

“Quanto mais o trabalhador produz, mais vê-se privado dos objetos necessários à sua subsistência e, na medida em que menos objetos ele possui, mais ele cai sob o domínio dos produtos que são criados por ele, isto é, sob o domínio do capital”.

Sob o domínio do capital, a atividade do trabalhador, o produto dessa atividade e ele próprio, afirma Marx, pertencem ao capitalismo. E este se apodera do operariado de tal maneira que o transforma não apenas em fonte de lucro como também numa das bases do próprio modo de produção capitalista, por meio da mais-valia.

Conceito fundamental na obra de Marx, a mais-valia é o tempo excedente de trabalho que o capitalista não paga ao trabalhador. No livro de Bilharinho Naves, há um exemplo didático, que aqui será adaptado. Suponha-se que três horas diárias de jornada sejam suficientes para o trabalhador obter os meios necessários para recompor sua força de trabalho. Suponha-se também que o capitalista lhe pague esse valor.

Só que o trabalhador, em vez de três, é obrigado a trabalhar oito horas por dia. Se apenas três horas são remuneradas, o que acontece com as outras cinco ? São “embolsadas” pelo capitalista, que se apropria da força de trabalho que o funcionário despende em cinco de suas oito horas de jornada diária. A esse excedente de trabalho não remunerado Marx dá o nome de Mais-Valia. E é exatamente sobre ele que, descontados os custos e o lucro que compõe o valor final do produto, o empresário acumula capital. Assim, a exploração da força de trabalho, traduzida em mais-valia, é uma das bases sobre as quais o capitalismo cresce e se sustenta.

COMUNISMO

Marx e a Luta de Classes (2)

Há alguma saída que ponha fim à exploração do capitalismo, causa de miséria e desigualdade ? Para Marx, há. E essa saída se organiza em dois períodos. O primeiro deles é a transição para o socialismo, em que a classe trabalhadora toma o poder e destrói a organização capitalista do trabalho – responsável também pela apropriação da vida objetiva e subjetiva do trabalhador.

Trata-se de um processo longo, em que os trabalhadores assumem o controle do próprio trabalho, dos meios para realizá-lo, da negociação dos produtos. Tal processo implica a mudança da atitude mental da classe trabalhadora, que assim se reapropria de seu universo subjetivo. Para que essa reapropriaçao se efetue são necessários: a destruição do aparato estatal burguês e sua substituição pela ditadura do proletariado; a destruição do aparelho militar-policial e a transferência do direito do uso da força para o povo. A segunda etapa é a transição para o comunismo, isto é, a formação de uma sociedade sem Estados e sem classes.

DITADURA DO PROLETARIADO

Marx e a Luta de Classes (2)

Elemento central na transição do socialismo para o comunismo, a ditadura do proletariado não é, como o senso comum imagina, um regime totalitário. Para Marx, todo Estado é uma ditadura, mesmo os considerados democráticos, porque representam os interesses de uma única classe: a que está no poder. Assim, não importa que o Estado conte com eleições, parlamento, aparato jurídico, liberdades públicas – ainda assim continuará a ser uma ditadura.

Para Marx, aquilo que se conhece comumente como “democracia” burguesa é, na verdade, a ditadura da minoria, uma vez que existe para representar e defender essa minoria. Ao contrário, a ditadura do proletariado é a ditadura da maioria, pois representa e defende os interesses da classe trabalhadora, que compõe a maioria da população.

 

TEXTO : “QUEM FOI KARL MARX” –> (LEIA AQUI)

 

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