É possível chegar a perfeição do ser humano?

É possível chegar a perfeição do ser humano?

Mario Sergio Cortella e um de seus excelentes textos sobre “perfeição”.

O mundo acadêmico, o mundo do trabalho, o mundo da Filosofia, o mundo da Ciência, o mundo da literatura têm em comum a perfeição como uma aspiração e, acima de tudo, como horizonte. A noção de fazer a obra perfeita, o conhecimento perfeito, a teoria perfeita nos acompanha durante toda nossa caminhada na vida. No entanto, há aí algo muito perigoso, porque a expressão “perfeito”, em latim, significa feito por completo, feito por inteiro, já terminado, já concluído. E, se há algo que caracteriza a existência humana, é que vida é processo, e processo é mudança.

Portanto, um ser humano que se sentir perfeito está tolamente equivocado, porque ser feito por completo, estar já concluído como uma pessoa, a única possibilidade, para ser irônico, é a de ser um cadáver. Só um cadáver humano é perfeito, pois ele não tem mais como se modificar do ponto de vista da sua capacidade intelectual; vai se modificar como corpo físico, como biologia, mas, como entidade humana, não terá mais essa capacidade.

A perfeição como horizonte, aquilo que procuramos, que desejamos, é algo que nos movimenta em direção ao melhor, mas, se ficarmos imaginando a perfeição como um lugar ao qual se chega, isso é falta de sabedoria.

Quem tem sabedoria percebe que procuramos fazer algo perfeito, mas, se chegarmos a achar que já conseguimos, existe aí uma falha de percepção e precisamos olhar aquilo que fazemos com muito mais crítica.

 

Mario Sergio Cortella

 

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Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.

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