DESENVOLVIMENTO POSITIVO DE JOVENS PELO ESPORTE: UMA ALTERNATIVA PARA O BRASIL

DESENVOLVIMENTO POSITIVO DE JOVENS PELO ESPORTE: UMA ALTERNATIVA PARA O BRASIL

Esse texto apresenta de forma breve uma nova perspectiva em relação ao desenvolvimento de jovens O propósito desse texto não é de analisar toda a complexidade do desenvolvimento humano e questões sociais, apenas apresentar uma nova ideia que vem surgindo dentro da ciência e que poderia ter grande valor quando aplicada de forma coerente. Essa nova perspectiva, ao contrário de sua antecessora, que se concentrava nos déficits e aspectos negativos, foca no potencial de jovens indivíduos em adquirir características e desenvolvimento positivos. Infelizmente, essa visão ainda está longe de ser consolidada e muitas das práticas voltadas para essa população servem mais para segregar e estagnar os jovens brasileiros, do que produzir uma geração mais saudável fisicamente e psicologicamente.

 

Desenvolvimento

O período da adolescência costuma ser dividido em três fases, dos 11 aos 14 anos, dos 15 aos 18 anos, e finalmente dos 19 aos 21, porém existem aqueles que consideram que, considerando questões culturais da atualidade, o período final pode chegar aos 25 anos ou mais, dependendo do amadurecimento do indivíduo. Durante estes três períodos o jovem lida com muitas transformações biológicas, sociais psicológicas e emocionais (COLEMAN; ROKER, 1998).

Por muitos anos a psicologia contemplou o adolescente por uma perspectiva de redução de déficits, ou seja, tentando diminuir ou prevenir problemas típicos desse período de transição. Entretanto, nos últimos anos tem surgido uma perspectiva diferente acerca do desenvolvimento de jovens conhecida como ‘Positive Youth Development’ (PYD), traduzido em ‘desenvolvimento positivo da juventude’. Nessa perspectiva, jovens tem potencial para transformações positivas em seu desenvolvimento.

De acordo com Roth et al. (1998), desenvolvimento positivo se refere ao engajamento em comportamentos pró-sociais e, ao mesmo tempo, evitando comportamentos que o coloquem em algum tipo de risco. Uma possibilidade para promover PYD são atividades extracurriculares ou recreativas, por exemplo a participação em programas esportivos (LARSON, 2000).

Alguns dos benefícios dessa participação são: melhor performance acadêmica, maior probabilidade de ingressar no ensino superior, autonomia, satisfação com vida, etc. (BARBER et al., 2001). Adicionalmente, Page et al. (1998) constataram que, participação em esportes organizados estão relacionados à menor uso de tabaco, cannabis, cocaína e outros tipos de drogas, além de menor incidência de depressão e comportamentos suicidas.

Apesar de todos esses benefícios, existem outras questões que precisam ser consideradas para que tenhamos evidência de desenvolvimento positivo. Por exemplo, jovens que tem participação passageira, ou com pouca frequência, dificilmente apresentarão resultados tão satisfatórios (MAHONEY et al., 2003). Outra questão envolve a intensidade de participação, algo que poderíamos relacionar ao comprometimento em participar. Jovens que dedicam mais tempo a participar de esportes ou outras atividades organizadas apresentam melhoras mais significativas, pois acredita-se que a participação frequente e contínua promove aquisição de habilidades específicas, auto-eficácia e conhecimento (LARSON, et al., 2006).

 

Conclusão

Considerando o panorama atual do Brasil, no qual existe um grande contingente de jovens que não recebem apoio mínimo ou oportunidades para se desenvolver, o que representa uma possível origem de muitos outros problemas sociais encontrados no país, essa perspectiva poderia ser aplicada com vistas ao desenvolvimento adaptativo desses jovens cidadãos. Além disso, o fato de que pesquisas tem demonstrado que a mera participação em atividades e esportes organizados já é o suficiente para promover alguns benefícios para o jovem, e que muitas dessas atividades não requerem grande investimento de recursos, organizar e disponibilizar esse tipo de atividades para jovens de classes baixas e em situação de risco poderia ter impacto individual e social.

Vale salientar que há alguns anos o ministério da Saúde no Brasil vem promovendo o desenvolvimento de um programa local conhecido como ‘Segundo Tempo’, no qual atividades físicas são combinadas com princípios do desenvolvimento positivo de jovens, e tem como objetivo:

“Democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens.”

Ainda sim, este é um programa com pouco alcance. O ideal seria que programas como este fossem promovidos localmente por um número maior de municípios, possibilitando acesso à mais jovens.

 

Referências:

BARBER, B. L.; ECCLES, J. S.; STONE, M. R. Whatever Happened to the Jock, the Brain, and the Princess?. Journal of Adolescent Research, v. 16, n. 5, p. 429-455, 2001.

COLEMAN, J.; ROKER, D. Adolescence. The Psychologist, v. 11, p. 593–596, 1998

LARSON, R. W. Toward a psychology of positive youth development. American Psychologist, v. 55, n. 1, p. 170-183, 2000.

MAHONEY, J. L.; CAIRNS, B. D.; FARMER, T. W. Promoting interpersonal competence and educational success through extracurricular activity participation. Journal of Educational Psychology, v. 95, n. 2, p. 409-418, 2003.

PAGE, R. M.; HAMMERMEISTER, J., SCANLAN, A et al. Is School Sports Participation a Protective Factor against Adolescent Health Risk Behaviors?. Journal of Health Education, v. 29, n. 3, p. 186-192, 1998.

ROTH, J.; BROOKS-GUNN, J.; LAWRENCE M. et al. Promoting Healthy Adolescents: Synthesis of Youth Development Program Evaluations. Journal of Research on Adolescence, v. 8, n. 4, p. 423-459, 1998.

LARSON, R. W. Toward a psychology of positive youth development. American Psychologist, v. 55, n. 1, p. 170-183, 2000.

 

 

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