Conheça a história de 5 Sanguinários Parte I : Quem foi Muammar Gaddafi

Conheça a história de 5 Sanguinários Parte I : Quem foi Muammar Gaddafi

Irmão Líder, Guia da Revolução. Rei da Cultura, Imã de todos os Imãs, Profeta dos Profetas, Pai da África e Reitor dos Governantes Árabes são alguns dos títulos que Muammar Kadafi se atribuiu.

Kadafi foi uma figura complexa, muito mais do que faziam supor seus figurinos bizarros e seu estilo de vida excêntrico. A começar por seu nome: nos alfabetos ocidentais, pode ser escrito como Qadhafi, Khadafi, Gaddafi ou alguma das outras 109 grafias já usadas na imprensa mundial. Segundo alguns tradutores, a transliteração mais correta seria Qadhdhafiy, com “q” seco, “h” aspirado, “d” que estala a língua, “f” sibilado. Ao longo dos 42 anos que permaneceu no poder, Kadafi foi considerado aliado, terrorista ou exótico, em qualquer dos casos uma espécie de louco útil.

Para a história, ele passará simplesmente como um criminoso internacional da pior estirpe. Entre as inúmeras malfeitorias do ditador líbio está o financiamento de atentados no exterior e a ajuda de golpes de estado em outros países africanos. Há digitais de Kadafi espalhados por algumas das ações mais covardes das últimas décadas, como o assassinato de atletas israelenses na Olimpíada de Munique, em 1972, a explosão de uma discoteca em Berlim frequentada por soldados americanos, em 1986, e o atentado ao avião da Pan Am sobre Lockerbie, na Escócia, em 1988. Nos anos 90, ajudou com homens e armas os golpes de estado liderados pelo sanguinário Charles Taylor, na Libéria, e Idi Amin, em Uganda.

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A região que hoje compreende a Líbia já esteve sob o jugo de fenícios, gregos, cartagineses, romanos, vândalos e, mas recentemente, de turcos otomanos, ingleses e franceses. Os últimos a colonizar o território – então dividido em Tripolitânia, ao longo do litoral oeste, Cirenaica, no litoral leste, e Fezzan, no sul – foram os italianos. Em 1934, a Itália adotou a palavra “líbia”, usada pelos gregos para designar a região do norte da África, como nome oficial da colônia.

Ao final da Segunda Guerra Mundial, o país voltou a ser dividido, até que em 1951, tornou-se o primeiro país do mundo a conseguir a independência por meio de uma resolução da ONU. O então emir, Mohamed Idris al-Senousi, foi coroado rei Idris I, numa monarquia constitucional.

O jovem capitão que liderou o golpe militar contra Idris inventou um novo regime: a monarquia travestida de democracia.

Kadafi então capitão do Exército, tomou o poder em um golpe militar que derrubou a monarquia constitucional, em 1969. Para evitar que ele próprio fosse vítima de conspirações da caserna, esvaziou o poder do Exército e, principalmente, de seus comandantes. Jovem e circunspecto, algo misterioso, recebeu o apelido de “o belo” tão logo se tornou popular.

Quando chega ao poder, em vez de suprimir o Congresso para governar sem vozes dissonantes, suprimiu o Congresso para criar conselhos locais com uma explosão de vozes dissonantes, nenhuma delas alta o suficiente para ser ouvida. Era a Jamahariyya, neologismo que significa Estado das massas, uma suposta evolução em relação à Jumhuriyya, termo tradicional que em árabe significa república. A Jamahariyya foi criada em 1977: os conselhos elegem um Congresso do Povo, que escolhe um Comitê-Geral, que funciona como gabinete ministerial, que apenas “se inspira” nos conselhos do “Líder irmão e Guia da Revolução”, Muammar Kadafi.

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O sistema político líbio era desenhado pelo Livro verde (se Mão Tsé-Tung tinha o Livro Vermelho, por que Kadafi não poderia ter o verde?), um compêndio de grandes desvarios e grandes arbitrariedades. Um exemplo de desvario : “Educação, ou aprendizado, não é necessariamente o currículo metódico e as matérias classificadas nos livros-textos que a juventude é obrigada a estudar durante horas específicas sentada em fileiras de mesas. Esse tipo de educação é contrário à liberdade humana (…) É um ato de ditadura que danifica a liberdade porque priva o homem da liberdade de escolha, da criatividade e do brilho”. Arbitrariedade “Ninguém tem o direito de construir uma casa adicional à sua ou à de seus herdeiros, para o propósito de alugá-la porque isso é uma tentativa de ter controle sobre a necessidade de outro homem”. É fácil encontrar motivos para rir de um livro desses. Na Líbia o Livro Verde funciona como uma Constituição informal.

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A população da Líbia tem “o direito de lutar, por meio da revolução popular, para destruir instrumentos que usurpem a democracia” A opinião é de Muammar Kadafi. Está na primeira parte do Livro Verde, portanto como já mencionado, um conjunto de pensamentos extravagantes e diretrizes despósticas que funcionava como um manual político do país. Kadafi defende – enganosamente – um Estado governado diretamente pelo povo, sem intermediários. Quase quatro décadas depois do lançamento do Livro Verde, os líbios em 20 de Outubro de 2011, decidiram, enfim pôr em prática os conselhos de Kadafi – contra o próprio Kadafi.

Kadafi não morreu como desejava, como um mártir. Kadafi morreu pelas próprias linhas que escreveu.

 

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