BONDOSO E MALVADO?

BONDOSO E MALVADO?

BONDOSO E MALVADO?

O Ser humano, em estado natural, não é bom e nem mau. Ele é ausente de conceitos racionais. Ele, como qualquer outro ser, de quaisquer dos reinos conhecidos, age em benefício de sua preservação como espécie e indivíduo a ela pertencente.

O Ser humano se torna bom ou mau quando, tendo a capacidade de raciocinar, compreendendo causas e efeitos, age sem empatia, visando atender ao seu mero bem-estar, sem racionalizar em favor da própria espécie e do Todo em que existe.

Bondade e maldade são construções interpretativas sobre as ações atávicas que visam preservar a espécie, em concomitância com uma racionalidade dotada ou não de empatia.

O Ser humano não tem nada de especial em comparação com os seres dos demais reinos, inclusive os do seu. O Ser humano, apenas, possui uma capacidade mais refinada de consciência, mas que não consegue harmonizá-la com os seus aspectos atávicos de preservação. Ao invés de harmonizar, se entrega a uma falsa racionalidade pura, pensando ter combatido todo o seu aspecto inconsciente.

Bondade e maldade são elementos conjecturais. O bem maior que possuímos é a vida, mesmo que a de outrem, que julguemos, por parâmetros absolutamente subjetivos, ser mais valiosa que a de cada um de nós. No entanto, quando a nossa vida, em detrimento de outras inocentes, se torna mais importante, nos falta empatia e nos tornamos maus.

A racionalidade é uma arma fantástica, tanto para nos tornar bons, como para nos tornar maus.

Não há, comprovadamente, bem e mal absolutos, tampouco seres divinos ou congêneres que representem estes extremos. Há uma racionalidade definidora de ações pulsionais que pode ser bem ou mal empregada.

Ser bom é ter a empatia como base da racionalidade e, ser mau, pode ser a mera condição de ser exclusivamente racional. Ser meramente pulsional pode gerar ações consideradas malignas, mas pela falta de racionalidade do agente, deve ser comparado a qualquer outro animal que age por impulsos, já que assim define a comum razão humana, pois é bastante comum verificarmos ações boas ou ruins em seres humanos e, não em outros seres. No entanto, comumente afirmamos que outros seres agem violentamente apenas para se preservarem, mas que não são maus. Em contrapartida, afirmamos condutas boas em animais, como parâmetro crítico para a nossa espécie. É necessário, nesta situação, que percebamos que estamos negando em outros animais, ações que consideraríamos malignas em nós, ao mesmo tempo em que comparamos outros animais conosco, os dando uma bondade que eles, possivelmente, nem saibam existir. É extremamente danoso a nós, como seres humanos, nos denegrirmos perante outras espécies, pois nos rejeitaremos como primeira espécie a ser defendida; preservada. Devemos nos perceber como primeira espécie a ser preservada, mas com harmonia com as demais e com o Todo. É o que nos daria uma maior consciência de causas e efeitos sobre as nossas ações, inclusive, preservando o Todo.

Bondade e maldade são parâmetros humanos e, não de forças e seres que controlam as nossas mentes. São parâmetros do nosso inconsciente coletivo, construídos ao longo de nossa evolução, concomitantemente com diversos elementos influenciadores, principalmente em aspectos negativos.

É exatamente pelo fato da bondade e da maldade serem causas e efeitos simples no processo existencial, que não podem ser coisas contínuas e eternas nas pessoas, pois não são elementos, mas causas e efeitos; frutos das ações. Pessoa alguma é totalmente boa ou má; pessoa alguma é dotada de força que a obrigue a ser boa ou má. Ser “do bem ou mal” é uma escolha do Ser humano. Somos dotados de pulsões de autopreservação e, somente através da racionalidade, é que podemos controlar estas pulsões. Negá-las, é o mesmo que nos negar como seres e, principalmente, como Seres humanos.

BONDOSO E MALVADO fotos

O conhecimento e o autoconhecimento harmonizados com os elementos atávicos é que tendem a tornar uma pessoa compreendida como boa. Conhecimento e autoconhecimento levam as pessoas a serem mais cautelosas em seus processos mentais, tendendo a terem ações mais harmoniosas, mas que, jamais, serão dotadas de algum tipo de força que não gere prejuízo algum, mesmo que o prejuízo seja considerado essencial ao ganho de maiores e melhores benefícios em questões específicas.

A dinâmica existencial nos exige escolhas entre um mal maior ou um mal menor, em muitos casos. Nada incomum transformarmos mentalmente o mal menor em bem, apenas para convivermos melhor com as nossas certezas de que somos neutros de bem e mal como influências místicas, mas sim, que possuímos estes elementos residindo em nós; em nossos pensamentos e ações. Mais danoso é quando uma pessoa entende que a escolha de um menor mal é algo que a torna boa, sendo que esta escolha não implica em maiores e melhores benefícios a outrem e ao Todo. Este tipo de entendimento forma pessoas perigosas, pois tendem a justificar atrocidades como caminhos para o alcance de um bem objetivo imaginário. Uma pessoa compreendida como maligna não é necessariamente uma sádica, podendo, então, ser dotada de boas intenções. Não são com as boas intenções que devemos nos preocupar, mas sim, com as ações, pois aquelas estão no mundo mental de alguém e, estas, estão no mundo material e alcançam a todos que nele existem.

Nascemos para nos preservarmos; para nos perpetuarmos como espécie. Não nascemos para sermos bons ou maus. Isso é construção e aceitação social. São meros parâmetros objetivos, mas que, necessariamente, devem existir, de maneira equilibrada, para não nos tornarmos desregrados. O que não deve haver são afirmações de bondade e de maldade absolutas. A empatia deve estar presente, sempre! É a chave para que não tenhamos ações animalescas, apenas para o atendimento de nosso objetivo maior: preservar a perpetuação da espécie.

A empatia é a manifestação mais incisiva de equilíbrio entre as pulsões de preservação da espécie e do Todo, controlada pela razão, adquirida pelo Conhecimento e geradora de autoconhecimento, transformando a pessoa em alguém capaz de ser o que bem se esforçar, no que se refere ao autocontrole pela percepção de causas e efeitos, mesmo que por mero vislumbre, a levando a ter ações empáticas e potencialmente positivas a ela, a própria espécie e ao Todo.

É possível sermos bons em grande parte de nossa existência, nos exigindo para isso, esforço e atenção. A bondade depende de cada um e, não de qualquer outra coisa. Sempre devemos nos lembrar de que enquanto estamos sendo bons com alguém, potencialmente estamos sendo maus com outros, mesmo que não saibamos coisa alguma sobre; mesmo que seja consequente em tempo futuro, na grande teia existencial de acontecimentos entrelaçados. A bondade, também, é escolha entre um mal que gere maiores benefícios essenciais à espécie e ao Todo, mesmo que de maneira mais subjetiva. Mas a grande bondade reside no sacrifício de si em benefício de outrem e do Todo, pelo mero doar-se, sem a perspectiva de algo bom em troca. Sem escambos, mas mera doação. Nobreza, pelo sacrifício, é um ser bom que contagia os mais perdidos na pura e simples racionalidade que retém as emoções essências à caracterização de um Ser humano em essência.

É muito difícil aceitarmos que não somos anjos ou demônios, mas meros seres errantes que não sabem sequer de sua origem, o que são, se têm algum propósito e, principalmente, se têm algum destino e um além dos nossos meros sentidos a ser conhecido. Somos seres perdidos em algum lugar tentando sermos alguma coisa. Estamos muito atrás das ilusões que criamos sobre bem e mal como coisas absolutas. Iludimos-nos com as ilusões que criamos ao longo de nossa evolução humana, na tentativa de fazermos a nossa existência menos insuportável, diante de tantas dúvidas complexas sobre nós e sobre o Todo.

A salvação de cada um e da própria espécie é, em grande parte, a empatia. E salvação é a perpetuação do que somos, fisicamente e em nossa essência que não compreendemos, na tentativa de alcançarmos cada vez mais conhecimentos (informações especificadas), fazendo do Conhecimento (união de todas as informações), algo cada vez mais acessível a nós. Em vislumbre, isso pode nos tornar mais esclarecidos e, quem sabe, mas próximos de melhores ações bondosas.

Autor: Carlos Alexandre Costa Leite

 

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