Auto-Estima e Superação A ARTE INGÊNUA, NATURAL, DE QUEM AMA SUA TERRA

Auto-Estima e Superação A ARTE INGÊNUA, NATURAL, DE QUEM AMA SUA TERRA

A ARTE INGÊNUA, NATURAL, DE QUEM AMA SUA TERRA
Marcio Tadeu

A paulista Djanira (1914-1979), de uma vida pobre e sem saúde trabalhando no campo se tornará uma artista plástica conhecida internacionalmente.

Djanira, pintora, gravadora, desenhista, ilustradora, cenógrafa e poetisa, nasceu em Avaré, interior de São Paulo, em 1914 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1979.
Esta neta de imigrantes austríacos e indígenas guaranis quando criança trabalhou na lavoura, quando adolescente foi vendedora ambulante, trabalhava muito em vista do pouco que ganhava, além de se alimentar e morar mal. Como conseqüência, adoeceu, com tuberculose e foi internada no Sanatório Dória, em São José dos Campos, onde realizou seus primeiros desenhos e passou a se interessar pela arte. Para espanto dos médicos ela logo se recuperou e mudou-se para Santa Tereza, no Rio de Janeiro, devido o clima mais ameno, pois acreditavam ser essencial para pessoas que portavam o vírus de tal doença. Porém ela iria estreitar ainda mais o contato com a arte, ao alugar um quarto em uma pensão, em 1940 e se instalar como costureira. Nesta pensão havia quartos alugados para alunos com baixo poder aquisitivo do curso de Belas Artes e também para artistas europeus, fugidos da guerra, entre eles o romeno Emeric Mercier, que em troca de casa e comida, dava aulas de artes. Mercier conheceu o trabalho de Djanira e a incentivou muitou e lhe ensinou pintura.

Próximo da pensão em que vivia Djanira, havia o Hotel Internacional, frequentado por alunos mais ricos. Isto fez com que o ambiente artístico fosse altamente produtivo. Morava ali, fugidos também da guerra, o pintor francês Arpád Szemes e a pintora portuguesa Maria Elena Vieira da Silva, além dos artistas Pancetti, Milton Dacosta, Lazar Segall, Carlos Scliar, entre outros. Logo Djanira alugou uma pequena casa e instalou uma pensão familiar.

Uma característica bastante interessante do ser humano Djanira, seria suas atitudes bastante paradoxais. Uma delas é que ao aprender pintura com Mercier e se ingressar no curso noturno do Liceu de Artes e Ofícios, a artista começou a apresentar traços com uma certa ingenuidade, natural do autodidata. Sua pintura seria classificada com o termo “Näif”, ou seja Arte Ingênua, original e/ou instintiva, produzido por artistas sem formação acadêmica, autodidatas.

Djanira mostrou interesse pela vida dos brasileiros, pintou seu quotidiano de forma simplificada e com cores próprias do povo. Ao mesmo tempo que expunha intensamente pelo país e foi premiada em importantes eventos também participou com êxito de várias mostras internacionais. Tamanho foi o interesse de Djanira pelas Artes que de 1945 a 1947 ela viveu em Nova York, onde estreitou conhecimentos com Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. Lá, participou de diversas exposições coletivas e individuais.

A partir de 1950, sua arte adquiriu formas mais depuradas. Viagens ao interior do Brasil, principalmente Maranhão e Bahia, permitiram-lhe ver os rituais populares do Candomblé e do Maracatu, o que contribuiu para enriquecer seu colorido, desenho e composição. A técnica de Djanira é de um despojamento que a impressão transmitida por suas telas, de linguagem bastante direta, é a de um realismo que beira a expressão primitiva. Ainda em 1.950, ela morou por seis meses com os índios Canela, no Maranhão. Na década de 1.970, desceu as minas de carvão em Santa Catarina e foi a Itabira onde conheceu o trabalho de extração de ferro, para aprender sobre a vida dos mineiros.

Mais uma vez seus paradoxos chamam a atenção. Djanira se casou e ficou viúva duas vezes. Seus trabalhos chamam a atenção pela religiosidade popular, pelos exus, orixás, mas ao mesmo tempo era profundamente católica e ingressou na Ordem Terceira das Carmelitas, com o nome de Irmã Teresa do Amor Divino. Em 1972, recebeu do Vaticano a medalha e Diploma da Cruz “Pro Ecclesia et Pontifice”, conferida pelo Papa Paulo VI. Ela foi a primeira artista latino-americana com obra no acervo do Museu do Vaticano para quem ofereceu a tela “Senhora Sant’Ana de Pé”, pintada com o braço esquerdo, pois havia fraturado a clavícula direita.

Auto-Estima e Superação A ARTE INGÊNUA, NATURAL, DE QUEM AMA SUA TERRA
Djanira
Costureira, 1951
têmpera sobre tela
54,2 x 46 cm
Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, RJ)

Isto é um pouquinho sobre esta grande artista fantástica.

 

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