Aspectos da Morte em Jung

Aspectos da Morte em Jung

Legenda:Philippe de Champaigne. Still Life With a Skull, c. 1671. Neste quadro, estão representadas três componentes da existência: a vida, a morte e o tempo.

“A morte nos ensina a transitoriedade de todas as coisas.” – Léo Buscaglia

Por que tememos a morte? Talvez por nosso instinto de sobrevivência? Um impulso para a vida? Pela dor da perda de um ente querido? Quem sabe pelo medo da nossa própria morte?

É difícil falar sobre a morte, um tabu que existe em nossa sociedade porque acima de nossa existência sabemos que a morte é o fim.
Quando digo sabemos, significa que até o escritor desse texto também é humano, com uma vida, com seus momentos bons e ruins, e que experimenta as mesmas vivências arquetípicas que toda a humanidade. EM em outros termos, nascemos, crescemos, vemos pessoas irem e virem, não importa onde vivemos, a morte vai existir. A morte é arquetípica, é um tema universal, embora através de nossa subjetividade, cada um lide com esse tema de modo diferente e singular, não existindo uma forma objetiva que funciona com todos. Uns lidarão com as diversas mortes com maior ou menor sofrimento, dependendo do quão preparada sua psique foi desenvolvida durante toda a vida para esses momentos.

A morte pertence ao nosso inconsciente coletivo e constitui-se como um arquétipo, que tem como complemento o seu oposto, a vida. Uma só existe para integrar a outra. A integração dos opostos é fundamental para o entendimento da psicologia analítica, pois quando se está tomado por um complexo (Conteúdos ou ideias carregados de emoção que interferem na vontade e no desempenho do ego) um arquétipo deverá ser constelado para buscar a integração.

 

Aspectos da Morte em Jung

Legenda: Vida e Morte, Gustavo Klint 1916.

Em várias culturas, ao analisarmos os mitos, ENCONTRAREMOS MUITOS QUE FALAM sobre criação e sobre o fim do mundo. Só para citar no Cristianismo temos o Gênesis e apocalipse; os dois mundos nórdicos Niflheim e o Musphelhein que criam o mundo finalizado Ragnarok (fim dos tempos) a morte é retratada de diversas maneiras. Assim como os deuses ligados a morte, como Hades, Thanatos, Anúbis, Nephthys, Osiris, Morrigan, Hel, Shiningamis, entre outros, cada qual em culturas diversas, assim como no mundo onírico, no mundo pós-moderno também temos símbolos de morte, como ditadores, onde destaco o nazismo de Hitler(talvez o mais famoso), e os vilões icônicos de cinema(como Darth Vader, Voldemort, Pennywise, Hannibal Lecter) que são mitos contemporâneos.

Quando sonhamos com morte, muitas pessoas tendem a pensar que algo de ruim irá acontecer ou que alguém irá falecer e isso pode atormentar a vida de muitos, principalmente quando o sujeito tem um histórico traumático. Entretanto a morte nem sempre significa o morrer literal de uma pessoa, ela pode significar o fim de um ciclo, A resolução de uma questão, etc. É o morrer simbólico ao qual se refere O escritor Léo Buscaglia, no início do texto.
Mas como assim? Você deve estar se perguntando. Para pensar nisso pense no ciclo de vida de uma borboleta. Ela nasce lagarta, cria um casulo e torna-se borboleta. A morte da lagarta é o casulo e do casulo emerge uma borboleta, É o nascimento a partir de uma morte. Quando um estudante termina a faculdade ele “morre” enquanto estudante e nasce o profissional, E todo o processo de gestação está ocorrendo durante o curso. O fim de um relacionamento pode significar o nascimento de uma nova vida de solteiro do mesmo jeito o inverso, o casamento é o fim da vida de solteiro.

É claro que aceitar a morte é difícil, tanto a nossa como a dos outros, sofrer por alguém mostra que essa pessoa significa algo em nossa psique.

Na sociedade brasileira percebe-se uma negação da morte, é bem comum ver coisas como viva bem, viva mais, esteja bem, todavia ao lidarmos com a morte ainda percebemos o tabu: não se deve pensar na morte, só de falar, as pessoas já ficam receosas e querem mudar de assunto, como se falar atraísse, o que é um pensamento errôneo, pois querendo ou não a morte virá para todos.

Negar a morte e/ou o luto, pode afetar a alma do ser que está Em sofrimento não vivenciar a morte de forma simbólica, mantendo um estado de negação da morte é prejudicial a saúde.

Aceitar a morte de forma criativa r transformadora pode ensinar uma pessoa valores como empatia, respeito, solidariedade, etc.
A tragédia da Chapecoense, por exemplo, fez pessoas mandarem energias, mensagens e orações às famílias como forma de conforto. Podemos perceber que mesmo que não sintam do mesmo jeito a dor daquelas famílias, a energia í morte emergiu a consciência e tocou nos corações das pessoas. Dizendo que ali existiam almas que precisavam de um cuidado tanto emocional como depois de todo a repercussão de cuidados sociais já que muitos dos jogadores eram os responsáveis daquelas famílias e que mudaram o seu cotidiano.

Jung diz que a morte é o triste fim que iremos ter, porém negar a mesma é o mesmo que já ter morrido em vida, ao invés de aceitar o fato e aproveitar toda a alegria que a vida proporciona até lá. Devemos caminhar e ir fechando mais um dos ciclos do que ele denomina individuação.

 

Leia nossa indicação e post “Linguagem Corporal: Você Sabe O Quanto Convence?”

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