A síndrome do cuidador primário e o autocuidado

A síndrome do cuidador primário e o autocuidado

Durante pesquisa com cuidador primário, perguntei:

– Quanto tempo a senhora não vai ao médico?
– Faz tempo. Tenho até um exame para fazer, mas ainda não tive tempo. Quando agendei, meu marido que assim como eu, cuida de todo mundo, foi internado para uma cirurgia de emergência. Como posso me cuidar se sou eu para cuidar das coisas da família toda? Justificou.

Diversas pesquisas apontam o aumento do índice de adoecimento da população com doenças incapacitantes (câncer, demências, necessidades especiais, entre outros).
Pessoas doentes precisam de um cuidador, alguém que se responsabilize pela sua alimentação, higiene, administração de medicamentos devido a uma”incapacidade” que pode ser temporária ou definitiva.
Quando alguém em uma família recebe o diagnóstico de alguma doença, geralmente todos se sensibilizam, entram em um acordo e apesar de todos prometerem ajuda, eles elegem um dos membros como cuidador primário.

Porém com o tempo, percebe-se que aqueles que iriam ajudar, acabam se afastando por algum motivo e o cuidador primário, geralmente uma mulher que costuma tomar a frente de tudo, toma a responsabilidade para si.

Durante minhas entrevistas com cuidadores, notei que a maioria apresentava sintomas da síndrome do cuidador que é um transtorno que afeta pessoas que exercem a função de cuidado e trazendo prejuízos a sua vida.

Confira alguns sintomas citados pelos cuidadores

Esgotamento físico e emocional. Aquele cansaço constante que por mais que a pessoa durma, não consegue recuperar.

Alterações de humor e irritabilidade em situações banais.

Ansiedade com alterações no apetite provocando sobrepeso ou emagrecimento;
Transtorno de sono manifestado por insônia ou sonolência constante;

Episódios depressivos que se não observado tende a se agravar;
Dores de cabeça recorrentes;
Isolamento com afastamento da vida social;

Dores na coluna entre outros sintomas.

Quando eu trabalhava no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), era muito comum ouvir de alguns pacientes que o cuidador usava o seu medicamento para dormir de vez em quando, o que fazia a receita acabar antes da data estipulada. Infelizmente muitos preferem se automedicar não dando importância aos sinais emitidos pelo próprio corpo.

O cuidador primário comumente se esconde por detrás de uma máscara de fortaleza e por conta disso, acaba se transformando em paciente oculto prejudicando a saúde.

Se faz necessário que a pessoa que se dispõe a cuidar de alguém, reserve um tempo para si, que invista em autoconhecimento, cuidado com a saúde mental e lembre-se de que para não adoecer é indispensável pedir ajuda, para que possa CUIDAR SEM SE DESCUIDAR.

 

Leia nossa indicação e post “7 dicas de saúde mental para cuidadoras”

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